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Umas vidas, uma pausa.
A tarefa acabou???
Precisou da terra ruir, parte da serra sucumbir...
Contra-senso: não caíssem as montanhas, não mexidas as entranhas.
Dias intensos, interiores sacudidos, remexidos. Egos revisados, revistos, misturas íntimas, preocupações ínfimas.
Catástrofe? Catarse.
Eu aqui, ingenuamente, tentando traduzir, tentando estrofe construir. Ingenuamente.
O tempo colaborou, céu se abriu. O sol brilhou, cachoeira permitiu.
A lua, inflada em demasia, abusada, iluminou. Ciente de que trazia luar a Lumiar. Banco de praça chama a deitar. Diante dos olhos, nada além, apenas sutis pontas de árvores algumas estrelas dizendo Amém! (as não ofuscadas pela luz da majestosa), e o mais claro luar.
Músicas, piadas, brincadeiras, histórias infantis adaptadas à nossa tolice, disfarçada de adultice. História abrindo espaço, dando corda, feito flecha abria brecha para vazão de toda meninice.
Um pacote de vidas, encontros, trouxe leveza, ofereceu sorriso, muita gargalhada. Até Bruxa virou fada, fez-se amiga da Princesa Encantada.
Vidas até ali estranhas de repente dividindo quarto dividindo pertences tão pessoais pra todo lado toalhas, bagunça, um sapato dias que não teremos mais iguais.
Pacote de surrealidades trouxe vontade de não ir embora. Apesar da insistente e nada silenciosa saudade vinda do que deixamos para trás por uns dias: a realidade.
Queríamos tudo, menos a real despedida. Queríamos a conversa frouxa, noite adentro, dia afora. Queríamos adiar mais uma, mais essa saudade, pois será uma saudade atrevida.
Acho que até o Imperador soube mensurar o que viria, soube que era aviso de dor o aperto que no peito ardia.
A empreitada se foi. O tempo passou. Não vimos, nem sentimos, mas o dia de ir embora chegou.
Mar, sua brisa, seu cheiro, seu som. Ao fundo, barulho urbano. Uma tarde boa, renovadora, vivida sem que houvesse plano. Reparadora?
À noite, um vagar em ruas antigas, cada porta soltava sons, cantigas. Passado ilustrado, bem desenhado. Gravuras de um tempo em que as distâncias eram maiores quem sabe, os afetos menores. Hoje, além de tudo vindo com a pós-modernidade, será que temos sentimentos melhores?
Hora de ir. Inevitável.
Cada um voltando a seu próprio palco, a postos, braços armados, posicionados, para reabrir a cortina do seu espetáculo, ora tragédia, ora comédia. Quem quiser, que ria. Mas, é tudo de nossa autoria.
Inadiável. Cada um reencontrando, retomando, talvez remontando, remoldando, reaprendendo sua própria verdade, irrefutável.
Fim do intervalo. Por aqui, agradeço a cada um e me calo.
((Corre, à boca pequena, o boato: Corações ainda desaparecidos estão sorrindo. Sentem, de onde estão, que fora daquela dimensão, em meio a tantos choros, também por eles um grupo até então de estranhos, formou amizade de elos, atados por alianças de fato. Terá sido, essa, apenas a pausa do primeiro ato? ))
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Esta poesia retrata, muito timidamente, o que eu trouxe em minha bagagem invisível, entre tantas turbulências, depois de passar um mês em Nova Friburgo.
Pessoas que por lá encontrei, que por lá conheci, por lá convivi, foram decisivas para que essas palavras tenham saído pelos meus dedos, vindas das emoções acumuladas.
Muito provavelmente eu não as conheceria em outra situação.
Infelizmente:
Precisou da terra ruir, parte da serra sucumbir...
Contra-senso! www.youtube.com/watch
Lucia Sant ini
Enviado por Lucia Sant ini em 26/02/2011
Alterado em 12/04/2011
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