Meu querido Diário deve estar meio brabo comigo, ou deverasmente aborrecido.
Perdoe-me, peço sua compreensão.
Perdi o hábito. Escrever em Diário é coisa que desde a adolescência não faço. Perdi o hábito, mas ai como isso faz falta, como ajuda, por menor que seja o traço.
Vou tentar recuperar, meu querido. Aos poucos, prometo. Cada pensamento corriqueiro, que seja estapafúrdio, de tudo farei, venho aqui e a ti remeto.
Há amigos que provavelmente estejam sentindo o mesmo que você, comigo aborrecidos. Também deles sumi, permiti minha entrega à roda-viva, uma coisa que às vezes a gente não prevê. Quando percebe, já está dentro, resta tentar reverter, se é que isso seja possível fazer.
Bom, meu querido, cá estou me despedindo, por hoje, por esta manhã ou por agora. A roda-viva está ali, agitada, acenando, me chamando ali fora. Vou atendê-la, não tenho opção; é isso, ou volto a dormir caindo no risco da estagnação.
Aguarde-me, é o que te peço. A mim, seja fiel, e isso a ti imploro. Como eu reagiria à sua traição, acho que não meço. Quanto às demais, não posso deter. Por uma ou outra apenas limpo o rosto, respiro fundo, reergo os ombros e sigo em frente, depois que choro.
Até breve, meu querido, até breve. Quero voltar em você, muitas vezes, Vez em quando que o caso seja leve.