Voltando para mim


O que importa?

Já encontrei.
Disso eu sei.

E onde perdi, ou
onde larguei?
Onde esqueci, ou
onde joguei?

Se sei que já vi, se já senti,
e se ficou em algum lugar
Só tenho que reencontrar.

Por onde começar?

Fecho os olhos,
desacelero o ar,
desapresso o coração.
Isso me acalma,
ouço a sugestão de minha alma:
Retomar minha própria companhia
que por longo tempo de correria,
eu mesma ignorei, ou simplesmente calei.

O barulho que vem de fora,
o cheiro que sobe do chão
Trazem do tempo a lembrança
das enxurradas, banhos de chuva
eu, criança.

E nesse lampejo,
vem o clarão, a Luz
indica o caminho
com nitidez.

Caminho até então oculto,
embaçado.
Pior, desconsiderado.

O que importa,
O que vale, o que conta,
Se queremos, a gente olha, enxerga
arregaça a manga, se apronta.

Vou atrás de mim.
Aceito a ajuda que já se oferece,
estico o braço,
dou a mão ao meu Querubim.

(em segredo, em cochicho, peço que ele voe rápido,
voe alto,
a saudade é grande, o tempo é curto)