Cato. Quando encontro, conto no Recanto.

"Mas o que os sonhos sabem sobre limites?" Amelia Earhart 1897/1937

Textos

KAB?
   KAB-ô, tá KAB-ado,
   KAB-ô, de evaporô,
   KAB-ado, de não continuado

KAB, não cabe na rotina
KAB, não coube por trás da cortina
KAB, preferiu tão facinho a ruína
KAB que ruiu e fez pó do menino, da menina,
até da menina-invasora, intrusa, menina-entrelinha,
sem dó, sem propina.
Dejetos em latrina.

KAB?
  KAB?? ??
    KAB??? ???

Cabe, fosse com "k", dizer que
Kiseram Abandonar o Barco
à deriva, sem leme, sem vela,
sem proa, sem popa, sem mastro,
sem âncora, sem casco,
sem remo, sem rumo, sem direção,
Sem seiva, sem alimento,
sem cuidado, assim, de lado.
Sem mar, nem rio, sem água, sem chão.

KAB?
  KAB?? ??
     KAB??? ???

KAB-ô, tá KAB-ado,
KAB-ô, suicidô, suicidado,
KAB-ado, não continuado, não salvado

KAB-ido, talvez um dia, nalgum vestido,
KAB-ido falido, talvez querido
porém, mais para nunca existido

KAB-ado...
Inventado,... É, isso: in-ven-ta-do.
Imaginado, fantasiado, idealizado,
vazão, invento infantil autorizado
Bacana até... Sonhado!!!

Mal usado, mal cuidado,
mal regado, mal nutrido,
Enfraquecido,
Inanimado,
Desalmado,
Sem escolha, desfalecido.
Não ganhou bengalas, desapoiado
banalizado, não se via mais nem no espelho,
volátil feito éter, formação fragilizada
seu corpo mal desenhado, contornos estremecidos,
sentiu-se esfarelando, desintegrando,
impunemente.

No abandono, veio o sono, melhor saída
se apossou, fez adormecer,
sedou, entorpeceu,
eutanasiou

Até que KAB morreu.
Tão tênue, tão efêmera a vida de KAB...
Como as nossas, como a de cada um
que um dia pensou saber cuidar de KAB...
KAB, se existiu, deve ter sido um desses bichinhos virtuais
desses que somem no tempo, evaporam na memória,
quase peça de museu num canto da recordação, quando lembrados

KAB? Um baque. Um BAK, Baterias Arreadas... Kabô...

KABe agora,
Ops... Cabe agora (cabe-nos / nos cabe / KAB-nos / nós = KAB),
seguir em frente, ir adiante,
vida afora.
Sorriso vez ou outra, silencioso, secreto,
risinho no canto da boca, sorrateiro,
do menino, da menina,
até da menina-invasora, intrusa, menina-entrelinha
Sorriso na surdina,
se de algum jeito inesperado, numa hora qualquer,
nalgum Vander, nalgum show,
nalguma música, nalguma mesa,
nalgum luar, nalgum Lee,
nalguma beleza,
nalgum perfume, nalgum gole,
nalgum sofá, nalguma cozinha,
nalgum quarto, nalgum pijama,
nalguma lágrima, nalgum suor,
nalgum beijo, nalguma cama,
se KAB vier no pensamento, sem entristecer

Então, KABe um brinde solitário, se essa hora acontecer.
Lucia Sant ini
Enviado por Lucia Sant ini em 16/05/2010
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